Telefonema

Desliguei há pouco o telefone.
Era a empregada que uma vez por semana vai lá a casa:

Eve – Alô. Aí menina Hélena, tu não fechou a porta do quarto.
Eu – Oi, é pá fechei fechei. Tenho a certeza que fechei.
Eve – Pois e aí tem um pó amarelo na sua cama e encontrei um pacote de caril. Deve de ser isso né?
Eu - ........ (silêncio) ...... pois. Deve de ser. Ontem fiz caril de gambas e não devo de ter arrumado o pacote dentro do armário.
Eve – Olha mas não é só.
Eu – Glup! Não? (petrificada) Então?
Eve – Você tem folhas de receitas espalhadas pela cozinha, tem uma pasta aberta com tudo espalhado e olha, tem chichi em cima.
Eu - Bolas pah. Era uma coleção de receitas que fiz quando estava em Londres.
Eve - ohhh menina Héeelena, mas tem mais, aí eles partiram o pote de cerâmica do pão. Só tem sacos de chá abertos no chão.
Eu – Pois era onde estavam os chás de menta e verde. E eles como reagiram quando entraste em casa?
Eve – Estavam no seu quarto, dormindo na cama.
Eu – Oh Eve, é pá desculpa lá isso tudo. Olha que queres que te diga, muda a roupa da cama e fecha a porta à chave, embora, os miúdos já tenham percebido, sei lá como, como virar a chave.
Eve – Mas e aí, você não ia trocar para uma casa com terraço?
Eu – Tou a tratar disso. Tou a tratar disso, mas a casa só está pronta lá para o verão.
Eve – ohh menina Helena você tem que colocar uma amarra na boca deles. É melhor pra tu.
Eu - ..... hummmm .... ohh Eve ... é pá ... se calhar vai ter que ser!